Setembro é um mês dedicado à conscientização sobre a Leucemia Mieloide Crônica (LMC), um tipo de câncer de sangue que afeta principalmente adultos. Apesar de ser uma doença grave, os avanços terapêuticos dos últimos anos trouxeram novas perspectivas, permitindo que a maioria dos pacientes vivesse com uma qualidade de vida quase normal.
A LMC é considerada um câncer crônico, e sua característica mais marcante é o fato de que, diferentemente de muitos outros tipos de câncer, ela pode ser tratada de forma extremamente eficaz com medicamentos orais. Esses medicamentos, conhecidos como inibidores de tirosino-quinase (TKIs) , revolucionaram o tratamento da doença. Entre os principais usados estão o imatinibe, nilotinibe, dasatinibe, ponatinibe e bosutinibe . Todos esses medicamentos têm algo em comum: podem ser administrados em casa, sem necessidade de quimioterapia ou internações hospitalares.
O sucesso do tratamento é notável: a maioria dos pacientes que respondem bem aos inibidores da tirosino-quinase alcançam taxas de sobrevida globais semelhantes a pessoas que não têm a doença. Além disso, cerca de 30% dos pacientes podem, após 5 a 7 anos de tratamento contínuo, interromper o uso dos medicamentos e continuar apenas com o acompanhamento regular por meio de exames de sangue.
Nos casos em que o tratamento com dois ou mais TKIs falha, um novo medicamento chamado asciminibe surge como uma esperança adicional, oferecendo uma alternativa terapêutica para esses pacientes.
No entanto, um dos maiores desafios no tratamento da LMC está na adesão ao tratamento . Apesar de sua eficácia, a principal causa de falha terapêutica é a não adesão por parte dos pacientes – seja por esquecimento ou por subestimar a importância de tomar um medicamento diariamente. A disciplina no tratamento é crucial para garantir que os inibidores da tirosino-quinase desempenhem seu papel com sucesso.
Outro aspecto importante do LMC é o fato de que aproximadamente 50% dos pacientes são assintomáticos no momento do diagnóstico. A descoberta da doença geralmente ocorre de forma incidental, quando o paciente realiza exames de rotina, como um hemograma, e detecta alterações nos níveis sanguíneos.
No passado, o transplante de medula óssea era uma opção comum para pacientes com LMC. Hoje, devido à eficácia dos inibidores da tirosino-quinase, essa intervenção é reservada para casos muito específicos. O transplante, apesar de ser uma solução eficaz em alguns casos, é invasivo e associado a maiores riscos, o que torna o sucesso dos TKIs um grande avanço na oncologia.
Neste 22 de setembro, reforçamos a importância de conhecer a Leucemia Mieloide Crônica e, principalmente, de garantir que todos os pacientes tenham acesso ao tratamento adequado para viverem suas vidas de forma plena.
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